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Livros, gatos e mulheres

artbarnet

Will Barnet [ Woman Reading ] 1970

Diz o ditado que os gatos “comem com um olho no pires e outro no peixe”, as mulheres quando lêem não são diferentes.

 

imagem extraída do blog  O silêncio dos livros

Kika Nicolela

Naked (2008)

Passanger (2007)

 

Ontem desabei da minha casinha para o B_arco para assistir uma palestra sobre arte e psicanálise. Queridos leitores não torçam o nariz, foi ótimo, em muitos aspectos. O mais importante é que o trabalho da artista convidada é uma barbaridade de bom. Confesso que estava com preguiça de ir, mas como não ir se um dos comentaristas era o psicanalista carioca Joel Birman? Ok. Também não me convenci de todo, mas eis que resolvi dar uma busca no trabalho da moça, Kika Nicolela, e fui completamente arrebatada. Em vinte minutos estava no B_arco, sem exagero.

Queria muito ouvi-la falar, junto à crítica de arte Juliana Monachesi e ao psicanalista. Conversa que não se deu, ou se deu pelo meio, porque ela estava em Toronto e conectada à mesa via skipe. Foi uma experiência, digamos assim, já que o programa caía reiteradamente.

Pude ver seu trabalho no telão, uma benção, numa qualidade bem superior a que a rede proporciona, sem aquelas quebras todas que mesmo as bandas mais largas promovem. Vi também, nos lapsos do skipe, algumas expressões e comentários da artista, que honestamente já me valeram, pois ela se mostrou muito tranqüila e acessível, além de muito consciente do seu trabalho como conceito, ainda que não precisasse explicar nada, porque o trabalho fala por si.

Sustenta-se sem tradução, vai direto ao espectador (o que não desmerece as leituras mais… autorizadas). Até onde pude ver, ela domina as filigranas do luz, cor e música, roteiro, todos aliados às suas pesquisas estéticas, tidas como campo das artes plásticas, mas que potencializam um discurso que é muito estruturado, pensado numa “lógica”mais próxima do cinema. Um trabalho muito conceitual, mas sem necessidade de legenda ou guia. Inquietante, questionador, mas que nos seduz e sem enxaqueca. Se quisesse, assim me parece, ela seria uma puta documentarista (possibilidade que não é muito comum a outros vídeomakers), mas suas inquietações estéticas a levam a outro caminho. Sorte nossa. Não sei em que território essa artista pisa, mas se dizem que é vídeoarte, eu acredito.

Chuto alguns lances, pelo que vi e escutei. Foi muito bom ouvir a escuta (analítica) de Joel Birman, apesar do meu flerte com a psicanálise, morro de paúra de que o psicanalista procure enquadrar a obra numa leitura pré-fabricada, como tantos analistas fazem com seus pacientes, deformando-os. Não foi o caso, muito pelo contrário, Joel desenvolveu sua linha de apreciação da obra levando em conta cada elemento dela. Ainda que tenha levantado a lebre e sustentado seu discurso sobre questões mais gerais que atravessam toda arte contemporânea, o mundo contemporâneo ou pós-moderno, como a questão da identidade.

Nessa noite caiu a ficha, por completo ou quase, de que a psicanálise tem muito a oferecer como aparato teórico à crítica de arte, sem engessá-la, mas dando um norte. Foi muito legal a fala de Juliana Monachesi, muito generosa, pois contextualizou tudo o máximo possível, porque conhece muito de perto a obra da Kika e a própria. Entretanto, inquietou-me um pouco o compromisso com a descrição que a crítica tem (ou teve?), com uma espécie de tradução da obra para o espectador. Não necessária porque vimos as obras, penso. Muito conhecimento, mas meio sem direção, provavelmente porque deve ter sido difícil ela circunscrever uma questão para leitura da obra quando falava a um público, a priori, de psicanalistas, e a reboque da imagem grandiloqüente do Joel Birman. Bom, não posso incorrer no risco de ser leviana, acho que a Juliana cortou um dobrado e só posso falar algo depois de ler o que ela escreveu sobre o trabalho da Kika, coisa que não fiz.

P.S.: Para pesquisá-la geral clique aqui.

P.S.2: Esta palestra foi uma parceria do Epeb (Espaço brasileiro de estudos psicanalíticos) e do B_arco.

P.S.3: Olha moça via skipe, sinal dos tempos.

kika

Vila Madalena pública e privada

Ontem eu li um texto no blog O de sempre nunca, em que o autor Renato Parada comentava que a vila madalena tinha saído na coluna viagens do New York Times como um lugar raro. Ele disse também que se sentia bem por morar no bairro, porque podia andar tranquilamente à noite, por exemplo.

Como também moro no bairro parei para pesar o que me faz gostar tanto daqui, uma amiga francesa, já senhora, sempre me diz que esse bairro, diferente de todos mais de São Paulo, tem caráter. Tem uma cara própria, com suas casas pequenas e suas praças e tal. Não querendo ser bairrista, e já sendo, concordo (só não sei até quando).

Antes da multiplicação de suas lojas modernex e cada vez mais caras, eu já gostava daqui, antes da expansão dos bares também. Freqüentei muito a vila por causa do meu pai, por ela ter sido a central do cinema paulista, papel que o bar Empanadas (Martin Fierro) catalisava, o qual hoje não deixa de ter um quê familiar para mim, coisa fundamental para meu espírito nostálgico. Com um pai boêmio não pude sair a ele, não quis, o que não me impede de ir a bares e de apreciar que eles estejam por perto. Gosto de, sobretudo, ver a vila como uma central de editoras, de galerias; e da Mercearia São Pedro reunir escritores e gentes que gostam de palavras (em variadas mídias). A ponto de ser tão relevante deixar um cartaz de um filme tanto na Mercearia quanto na Empanadas, até mais na Mercearia.

Mas eu gosto daqui não só pela ferveção cultural, muito bem representada pelo Espaço Brincante, dos Nóbrega; pela Fortes Vilaça; pela Xiclet; pela Livraria da Vila; pelo Instituto B_arco; pela Fnac; pela Biblioteca Alceu Amoroso Lima; e até pelo Instituto Tomie Ohtake, e pelos sebos da Pedroso (sei que vou esquecer de coisas).

Em verdade o que eu gosto mais na vila é a vida de bairro que ela me permite levar. Aqui eu conheço os moços do estacionamento ao lado da minha casa, as quitandeiras, o marceneiro careiro e péssimo, mas simpaticíssimo, o carteiro da minha rua, as gentes que atendem nos restaurantes e padarias. Se saio pela rua cumprimento uma série de pessoas que fazem o meu dia fazer mais sentido, comentam se eu emagreci, se engordei, sondam como vai meu pé, falam da falta de grana e movimento, reclamam que sumi, que não enchi mais meu cartucho, pedem para eu votar para fulano no BBB. Enfim, coisa de gente com gente. E nem precisam saber meu nome, mas sabem onde moro.

Especialmente gosto do meu prédio, quando eu mudei para cá, ele era cheio de velhinhos, moradores antigos, gente que trabalhou a vida inteira sem as expectativas da maioria que atualmente pode morar na vila. Eles hoje não dariam conta de comprar um imóvel aqui (como eu não dou). Velhinhas que têm seus móveis com capas para não sujar, com aqueles relógios de paredes horríveis; senhoras de um kitsch pra lá de aconchegante, que sabem convidar para um café, para comer um bolo, nada a ver com as lojas modernex e com o culto do hippie de butique ( do qual possuo alguns traços, não nego). Pessoas que moram há 30 ou 40 anos no bairro ou mais, que usam chinelo com meias e lavam calçadas e regam plantinhas, porque o prédio não tem porteiro, somos uma associação.

Senhorinhas que se cumprimentam, que me visitaram quando eu cheguei, que mesmo que eu não precise, posso contar. O fato é que elas estão morrendo e a cada novo morador que aluga aqui, percebo uma concepção de vida no bairro que não tem nada a ver com a minha e a delas, a que aprendi com elas. Gente que não sabe morar em prédio, que faz um barulho danado, que não cumprimenta, que é todo bem vestidinho, causa estranhamento com tanta novidade, mas atrasa o condomínio, molha as plantas infliltrando a sala do morador de baixo.

Outro dia fui bater no meu vizinho de cima umas 4 da manhã, um mix de emo e roqueiro indigesto para mim, ele estava loucaço e me perguntou: “você não sabe onde mora?”. Como se morar na vila fosse endosso para fazer da sua casa um bar, um frege; quebrei o pau e o deixei caladinho, por uns dias. Porque se gosto da ferveção sei que esta, em alto e bom som, tem de ser fora de casa, do contrário não há convivência possível e morar na vila virará, já está virando, um inferno. A velha história do público e privado que minha vizinhança nova não conhece, mas se depender da minha vassoura no teto, vai conhecer.

Adélia Prado – balada literária

©Dênio Maués

Qualquer tentativa de por em frases a experiência de ouvir esta mulher parece um atentado. Ainda não sou capaz nem quero. Ela é humana, demasiadamente humana, constrangedoramente humana para ser descrita. Põem-nos de cara com nossa pequenez e possível maravilha. É uma mística, uma pensadora, uma poeta, uma mulher tão mulher que parece encarnar todos os signos de mulher numa só. Não há como passar incólume a sua presença, porque ela toma o espaço, enche a sala, como um evento, feito rito. Escutá-la é como ouvir uma prece que reverbera num ponto que já esquecemos, não sei se trata de espiritualidade, mas tudo leva a entender que sim, ela nos faz acreditar no sagrado tamanhas convicção e fé que carrega.

A mulher veio ao mundo com uma missão. Um chamado de outro nível, não dá pra discutir. Ela veste o próprio mistério em cada palavra. Peguei seu autógrafo como se estivesse numa fila de comunhão. Sem doutrina, livre, mais num enlevo inexplicável. Enquanto autografava, ela falava com um amigo sobre uma torta de cebola que faz. Assim, assim mesmo. Não dá para enquadrá-la, ela é muitas, mas reunida, com uma lucidez que enlouqueceria qualquer outra. E que assombro isso nos traz. 

Alberto Guzik, Fernando Bonassi e Ricardo Silvestrin – balada literária

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©Dênio Maués

Esta foi uma mesa que também vou levar comigo, sobretudo pelo Bonassi. Foi bom ter ouvido a todos os três, que transitam entre tantas áreas distintas, mas o que me pegou foi a visada crua, quase cínica de tão afiada que o Bonassi tem do mercado. Tanto que ele menos se apresentou como escritor e mais como roteirista e dramaturgo, duas artes coletivas em que o dinheiro e a falta dele condicionam a obra diretamente, sem subterfúgios.

Ele tem uma fala direta, cáustica, do homem de origem operária, mais sem o ranço esquerdista (leia na pior acepção vitimista que o termo pode ter), ainda que se afirme de esquerda. Assume o papel do artista que tem de levar o leite das crianças, e que não pode nem quer acreditar nas suas criações como obras desvinculadas do sistema. No limite elas “servem” a ele por mais autorais que pareçam ser. Não por acaso ele questiona a questão da autoria, pois no fim da curva aquele que lhe encomendou o trabalho vai lhe “pedir” algo em troca. É assim que vê o panorama do teatro e cinema, mas alguém deveria ter levantado o dedo e perguntado: “com literatura você não tem mais autonomia???” Fica a questão.

Ele descreve a realidade do criador hoje, palavra por palavra, com desdém por muita coisa ou ódio ou lucidez extremada, por isso foi chocante para mim que não tenho os pés no chão e de algum modo, velado(?), preciso acreditar que um mecenas virá num cavalo alado. Depois de sua fala, e da Balada inteira, não há como.

A fala do Guzik, torrencial, mas moderada por Marcelino, numa habilidade incrível, casou-se com a do Bonassi, mais pelo ponto de vista que ambos têm do teatro, como arte colaborativa, agregadora, criadora de universos inesgotáveis, em que o papel do diretor torna-se maior à medida que atrapalhe menos. Algo que soa novo pra mim, tão acostumada a assinatura de um Antunes ou de um Zé, mas em boa medida já de saco cheio da camisa de força que eles já representam.

Eu só conheço o Guzik como crítico, ponta-de-lança do teatro. Não, nunca fui a uma peça sequer dele ou com ele no elenco, desconheço o Satyros, uma vergonha, eu sei, já sabia. Mas a Balada serve para isso, para nos sensibilizar para áreas que, no meu caso já não me seduziam, por gosto, por contingência, por optar pela literatura antes de qualquer coisa. E também, não posso negar, por ter assistido a muito mais peças ruins do que boas.

O que ficará do Guzik? Minha vontade de estreitar meus contatos com a cena Roosevelt. E também, como posso esquecer? Ficará a liberdade, com o estofo devido, não a de um kamikaze, dele em se aventurar em áreas diversas, ainda que afins. Ele me lembrou algo de fênix, mas com um ego tão robusto que nem chega a virar cinza.

Dois homens fortes numa mesa, não que o Ricardo Silvestrin não seja, mas o senti deslocado, não me calou fundo, deu-se como se deu − e ele foi muito bem com sua poesia. E ponto. Não é porque ouvimos a uma mesa que um encontro se dá com todos os presentes, o buraco é mais embaixo, algo já deve estar aberto.

Beatriz Bracher e Cristóvão Tezza – balada literária

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©Dênio Maués

Não consigo me lembrar desta mesa como de outras, como me emocionei demais e as coisas ficaram mais nebulosas. Só tenhoa certeza de eu queria muito ouvir o Tezza (mas Bracher foi uma maravilhosa surpresa), o autor de uma pedra no meu caminho, e o escutei.

Ao ouvi-lo fui reencontrando a leitura do seu livro, do qual falei aqui neste blog com muita dificuldade, por não ter sentido (era o que achava) afinidade com a obra, pois por mais que eu reconhecesse a habilidade do escritor, o livro não tinha batido. Justificado equívico, que já se insinuava, mas que só pude reconhecer depois de não pouca elucubração e de uma certa delicadeza comigo.

O livro de Tezza ficou como um calo no pé. Por que não bateu e por que eu queria tanto não gostar dele? Só consegui articular a resposta as minhas questões já na mesa, diante do próprio autor e o fiz. Minha intervenção foi mais um desabafo do que uma pergunta. Relatei ao autor que não queria gostar do livro, porque a história do seu filho é a recuperação da história dele mesmo como autor, como escritor, e que suas dúvidas e autocríticas pesadas e amargas como narrador, por mais que recuperem e reavaliem anos e anos dele como homem e autor, ainda estão aqui a qualquer um que anseie à escrita, o que é foda.

Falei mais,ou melhor, falei mais claro do que consigo escrever, foi uma fala emocionada, cheia de paixão pelo livro que eu não poderia gostar, porque me incomodou tão profundamente que eu só poderia rechaçá-lo. Afirmei que não suportava saber tanto, que ele tinha escrito 40 anos de análise num livro e jogado a bomba no meu colo, logo no começo da minha carreira.

Ele gostou do que eu disse, entendeu (e foi mesmo) como um elogio, eu gostei de poder achar o nó, de organizar em sentimentos e reflexões o que me assaltava. Acho que cheguei à medula de algo, o que causa uma certa raiva, mas nos joga pra frente. O Tezza compreendeu muito bem. Já de cara ele me retrucou dizendo “que o livro sabia mais do que ele”. E eu sabia que poderia me expor assim a alguém que escreveu O Filho Eterno. Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida. Tive a oportunidade e a coragem. A literatura para mim é isso: alta voltagem de afetos e sentidos. Sem isso não vale o risco.

Estou louca para ler a Bracher, cada gesto dela apontava para uma clareza, e uma maturidade raras, um compromisso com a escrita que admiro. Já gosto de sua literatura sem ter lido Antonio,  só por tê-la visto e a escutado ler um único conto (confesso que suas palvras em seu autógrafo foram tão surpreendentes que não há como não achá-la adimirável). Vou reencontrá-la, não há dúvida, porque se minha antena não falha, ela é das grandes. Como saber? Sabendo. À sua leitura, o mais breve possível.

P.S.: Para ler o que eu havia escrito antes sobre o livro de Tezza é só clicar aqui.

Tatiana Belinky – balada literária

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©Dênio Maués

Tatiana Belinky, a homenageada da Balada, que no ano que vem fará 90 anos, estava a todo vapor. A tal ponto que seu desejo de narrar ia além do bom tom em escutar as intervenções e perguntas que lhe eram feitas. Há tanto tempo ela responde a tantas e, provavelmente, as mesmas questões que ela já sabe qual o recado a dar. E que me pareceu consistir na sua disposição de estar, estar mesmo ali. Não precisava mais do que isso, aliás, as memórias dela de infância são tão vivas que falam por si, a história que ela encerra e que se abre como uma porta em todo e qualquer caso que ela narre dizem tudo, sem necessidade de roteiro. Tanto que ela afirmou em desafio: “qualquer pergunta que me fizerem eu tenho uma história para contar”,  narrar é o que lhe interessava, antes do que responder a uma demanda específica.

Senti como se ela fosse um conto de fadas na nossa cara, uma Emília impertinente que acha que é dona da verdade e tagarela sem parar, com humor e ironia. Em tudo nela mora uma anedota bem contada, uma brecha para o riso. Não à toa Tatiana disse que a grande personagem da literatura nacional não é a Capitu de Machado, mas Emília de Monteiro Lobato.

Disse isso, entre outras opiniões agudas que disparou e que soaram como frases que pedem para serem “anotadas”: “Sou insegura como todas as pessoas que não são burras” ou “a preguiça é a mãe de todas invenções”, já que ela, agnóstica, afirmou que nada era pecado, e a preguiça seria uma “desvontade” sem a qual não teríamos inventado a roda nem a vassoura.

Berlink em seu discurso nos impele a  pensar, devolvendo-nos a uma curiosidade quase infantil, a um modo de entendimento próprio da criança. Direto e reto, sem mais. Perguntaram-lhe: “Tatiana, quando você começou ou como começou a escrever? E ela respondeu:“Aos quatro anos, quando aprendi a escrever.” Numa lógica própria que nos deixa  bobos.

Ela chegou a um ponto, não sei há quanto tempo, não sei se sempre foi assim (há gente que já vem meio pronta), em que só fala o que quer, sem entregar todo o jogo. Por isso é tão difícil descrever a experiência de escutá-la, porque estar em sua presença nos convoca a outra lógica, a outra apreensão das coisas. Implica em que compreendamos, quase de pronto, entre tantas outras coisas, que carregar a criança que fomos não nos infantiliza, mas ao contrário. Afinal, no caso dela (e para “entrar na dela”) isso só lhe refinou as antenas, desamarrado-a de protocolos que ela não considera realmente importantes, como numa brincadeira, como uma menina que não se deixa dobrar. Até porque decidiu se divertir até o final. E ela vai, não tenho dúvidas.

Sobre a Balada literária

Fiquei de falar sobre a Balada e o faço. Mas numa escrita cheia de lacunas, de memória mesmo, pois não levei sequer um caderno de notas. Relato o que marcou. Escrevo a minha Balada, que mesmo de muitos, é minha, já que “registro” só o que imprimiu com força aqui dentro. Faço uma espécie de perfil de pé mais que quebrado dos autores que me marcaram.

Ainda não estou de completo recomposta, fui aos quatro dias da Balada sem descanso, ontem foi o último. Por uma vontade premente mesmo, de ver as coisas, de ver as bocas que leio ou lerei, abertas, expostas nas mesas. E eu ali, de perto, à espreita, para sacar qual é a deles, desses homens e mulheres da literatura contemporânea brasileira. Contemporânea minha e sua, nossa. O que isso condiciona? Não saberia dizer agora. Nem sei se faz sentido a pergunta, mas ela se impõe.

A diferença entre as visões da literatura, as posturas ou como está na moda “imposturas” foi grande. Mas algo maior do que gêneros, escolhas estéticas congraça os autores: a necessidade de escrever que se impôs a eles em algum momento. Somada a uma urgência deles em dizer, em falar ao público hoje, que não é de pouca monta e também os aproxima. Se pensarmos bem, nenhum escritor precisa ter tal anseio, mas todos que assisti (não vi tudo) me pareceram que o tinham e muito. Por que a literatura contemporânea precisa falar tanto e diretamente ao leitor, via mesas e eventos? Também não sei bem a resposta, só sei que gosto de ouvir. E que a Balada deu conta disso. Em festa. 

A Balada iniciou os trabalhos

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Mas eu preciso digerir o que pude ver. Logo comento. Agora eu corro pra lá. Não deixem de ir.

http://www.baladaliteraria.org/2008/


Dia da consciência negra

Este clip só pode ser do Fantástico, dos anos 80.  Coisa datada que só. Sei  o que representa este feriado, pensei em várias imagens para representá-lo, mas não resisti. O humor cabe aqui, sem policiamento, please. O clip deve ser visto até o final, porque é uma pérola da graça politicamente correta e do esteticamente risível. Um vexame.  Avançamos, pelo menos em matéria de clip, sem dúvida. 

P.S.: Este vai para Ana Luiza, minha irmã, que tem uma grande leveza em relação a tantas coisas (e me fez ver o ridículo deste clip, às gargalhadas) e para minha sobrinha baiana Luiza.