Vocabulário
CONVIDADOS ESPECIAIS:
Virna Teixeira – Gero Camilo – Carolina Manica
Claudinei Vieira – André Sant’anna – Andréa Del Fuego
Amarildo Anzolin – Bruna Beber – Daniel Galera – Daniel Minchoni
Fernanda D’Umbra – Fernanda Siqueira – Flávio Vajman – Malásia
Maria de Lourdes Ferreira Alves – Mário Bortolotto – Lirinha
Laura Leiner – Luana Vignon – Luciana Penna – Tainá Muller
Ana Rüsche – Ale MaRder – Analu Andrigueti – Fabrício Corsaletti
Sobre a minha apresentação devo dizer que ela não se daria sem a força de alguns amigos: Ana Peluso, Eduardo Muylaert, Rubia Nascimento, Fernanda Siqueira, Maria de Loudes Ferreira Alves e Dênio Maués. Ajudaram-me a escolher os textos. Ressalto que o Dênio me ensaiou pela manhã do mesmo dia dando toques inestimáveis. Salve Marcelino!
Paticipei deste evento com os seguintes textos ( pra quem pediu aqui estão!, beijos!!).
coleira
Sorvete de ossos, perros no quintal, lambendo,
ganindo. Estalo minhas vértebras, mais um
domingo, nada de caramelos ou balanços.
Apenas este cão sobre mim lembrando-me,
a cada lambida, que estou viva e que algum gosto
devo ter.
ética
Não cumprimentar quem veste a camisa, quem
oferece o panfleto, não calar que o livro é ruim,
distribuir escancaradamente a carapuça aos de
escolhas fáceis e desviar de todos eles, costurar
o trânsito, driblar toda meia medida, ser dura
nas retas. Quebrar o pau. Estapear até o fim,
sem medo de deixar marcas. Lavar as mãos e
zapear a tevê.
sucrilhos
Cair em falsas esperanças é ótimo, é como um
bom café da manhã, te sustenta um dia inteiro e
você pode ser feliz – com todas arestas aparadas,
sem soltar farpas -, amar o próximo por
muitas horas. Você pode até participar de uma
marcha, deliciar-se com a potência estimulante de
pequenos gestos, um abraço longo de um amigo, o
elogio de um alguém admirado há muito. Mas
virar abóbora é inevitável e só resta sair à francesa.
Felicidade tem limites.
Medo
Eu não sei o peso dele, não sei sua gramatura, jamais escutei seu alarido, mas ele me ensurdece. Eu sei que ele tem um sorriso metálico de sádico prazer e me repreende sempre. Ele me diz a todo momento que eu estou toda errada, que as minhas costas pendem mais para um lado, que eu não sei me sentar e que meus seios são desiguais. Ele me diz para não fugir, mas não admite que eu saiba onde estou presa. Ele é meu dono e limpo seus sapatos de cromo alemão com a única língua que me restou, a que está fora da boca, abanando feito rabo.